quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

REVENDO CONCEITOS E PARADIGMAS - IMPORTANTE

isso vai ser um post gordo e raivoso.

A gente entra no twitter e vê essa merda:

OI? Eu já tinha visto muita gente odiando gente gorda sem motivo no twitter. A fat-shaming, ou gordofobia, chega a níveis ridículos, desde gente odiando gordos porque comem demais (como se toda comida que eles deixasse de comer fosse automaticamente desviada pro prato de crianças desnutridas no Sri Lanka) porque ocupam muito espaço, porque deviam ter vergonha ou sei lá, porque existem.
Pra avisar os navegantes: Eu, como todas as pessoas magras, achava antes que gordura só tinha a ver com comida. Aí resolvi calar a boca e aprender com o livro Lessons from the Fat-O-Sphere. Mais de 70% daquela joça é genética. Conhece magra de ruim? Poisé, tem gente que é gorda de ruim também. O BIOTIPO da pessoa é esse e não tem comida que se deixe de comer e exercício que se faça que permita a essa pessoa ter 20kg a menos sem entrar em um colapso de desnutrição.
CLARO que ninguém te disse isso, gente magrela. A indústria da dieta movimenta BILHÕES, as revistas insistem com você todo dia que se você fizer isso assim assado vai ter barriga tanquinho e você acredita porque não conhece outra coisa.
A verdade é que 95% das dietas NÃO FUNCIONAM. Somente 5% das pessoas realmente conseguem mudar seu peso a longo prazo (5 anos) e mesmo assim muito provavelmente vão ter de ficar sentindo fome pelo resto da vida.
MESMO SE GORDURA FOSSE CAUSADA SÓ POR COMIDA: Não é da sua conta. Não é. Não é igual um fumante do seu lado que vai te dar câncer de fumante passivo. A macarronada na mesa do vizinho não vai te engordar. E se vocês justificarem com “ah eu me preocupo com a saúde destas pessoas” pode baixar o facho e assumir que é mentira, você não é Madre Teresa de Calcutá pra ficar caçando gente doente na rua e tenho certeza que ao praticar a gordofobia você está fazendo é mal pra saúde mental daquela pessoa.
Anyway, voltando ao tweet absurdo.
 ”pessoas gordas se acham os melhores de todos”
OI?? Isso não faz sentido, criatura. Nenhum. A sociedade inteira está firmemente dedicada a fazer as pessoas gordas se sentirem horríveis em relação a elas mesmas. Acho que você tirou essa conclusão ao conhecer assim, umas duas pessoas gordinhas QUE OUSARAM, OLHA QUE IDÉIA, TER AUTO-ESTIMA.
Aí eu saio pro google pra pesquisar mais a fundo sobre uma coisa que eu sei: A associação da obesidade com a depressão e o suicídio, por causa do estigma de ser uma pessoa fora dos padrões de beleza, a pressão social e o preconceito que gordinhos sofrem. E tá comecei a achar algumas coisas.
Aí eu vou lá e acho essa pérola

sadafjkfdlçkgdik jsiçnf~jaso~
MEO FILHO você pega estudos sobre como as pessoas tratam crianças gordas TÃO MAL que o índice de depressão e suicídio dentre elas é maior, e transforma num ‘CUIDADO: GORDURA CAUSA SUICÍDIO”????? Se eu revirasse mais o olho eu tinha um aneurisma. Não é a célula adiposa que tem toxinas suicidas, seu mané, é GENTE IGUAL VOCÊ que escreve essas merdas que estão levando as pessoas a se odiarem a ponto de cometer suicídio.

O SITE INTEIRO ASSOCIA situações em que pessoas foram prejudicadas pela GORDOFOBIA (e não a gordura) pra vender gastroplastia. Como se a solução de todos os problemas com preconceito contra pessoas gordas fosse ficar magro. A primeira notícia  engana, faz aquela coisa pífia: Associa somente a perda de peso com uma “cura milagrosa”, ah, claro porque a moça perdeu 80kg em dois dias. MILHÕES de pessoas magras roncam, têm apnéia do sono, diabetes e  hipertensão.
Pais de uma criança obesa perderam a guarda dela. Obesidade prejudica relações entre pais e filhos. blablabla.. como resolver?? NÃO SEJA GORDO.
É como se falassem que pra resolver homofobia basta virar hetéro
Pra resolver racismo, basta ser branco
Pra resolver o sexismo, basta ser homem.
nÃO FAZ SENTIDO.
Páre de usar o sofrimento das pessoas para vender seu peixe. Isso é anti-ético. São idiotas como você que são contribuintes de uma sociedade que faz as pessoas se matarem. 
Diga não à GORDOFOBIA.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

CRIANÇA

A Pequena Vítima de Salve Jorge


Criança só custa caro quando é educada por duas criaturas mais infantis do que ela


Quando Salve Jorge começou, disse a mim mesma que não veria um único capítulo. Ainda estava meio surda por causa da gritaria de Avenida Brasil e queria minha paz de volta. E assim foi: não assisti aos primeiros capítulos. Mas aí, um dia, gostei de adiante lembrei que o ótimo Alexandre Nero estava no elenco, além do colírio do Domingos Montagner, e passei a simpatizar com a maquiavélica Wanda de Totia Meireles, e quando dei por mim, havia sido capturada para o dramalhão mais inverossímil da televisão brasileira – ou alguém consegue aguentar a moscona da Morena que, com a finada Jéssica, passava as tardes na casa da delegada sem conseguir denunciar que havia sido traficada?


Me irrita a trouxice das personagens femininas da maioria das novelas. Acho louvável que a autora Gloria Perez procure usar o maior petardo da programação da Globo para trazer à tona assuntos pouco discutidos pela sociedade, como é o caso do tráfico de pessoas, mas a forma canastrona com que esses dramas costumam ser apresentados faz com que eles pareçam pouco reais.


O que tem me deixado chocada nessa novela não é a seringa que o personagem de Claudia Raia leva na bolsa para algum imprevisto ou os tapas que o parrudo Russo distribui no cativeiro das beldades. O que me cala e me constrange é uma criança que está sendo manipulada pelo pai em meio a um divórcio litigioso. Aquilo ali, sim, é real, muitíssimo comum e igualmente criminoso.


Não consigo imaginar nada mais brutal do que dizer para um filho: “Tua mãe não te ama”. O mesmo vale para mães que dizem isso aos filhos a respeito dos pais. Quem faz essa covardia com uma criança é quem verdadeiramente não a quer bem. Usar o sentimento de inocentes a fim de atingir um cônjuge que passamos a odiar é de uma agressividade tão letal quanto uma injeção no pescoço, tão dolorido quanto um soco de um brutamontes.


Nem todos que agem assim o fazem por maldade. Muitos o fazem por ignorância. Mas até ignorantes deveriam possuir alguma sensibilidade para entender que uma criança necessita de segurança emocional e não de ser envolvida nas brigas de um casal que um dia resolveu se unir, e que mais adiante resolveu se separar. Casamento não precisa ser para sempre, mas a responsabilidade parental, sim.


Crianças não conseguem processar direito o que vivenciam. Assumem culpas que não possuem, fantasiam abandonos, se responsabilizam pela infelicidade dos pais, e pior do que tudo, se sentem desprotegidas em um lar briguento. Crescem e se tornam homens e mulheres paranoicos, inseguros, acovardados diante da vida.


É uma tecla insistentemente batida, mas pouco escutada: criança precisa ser amada. Não precisa de um iPhone aos nove anos, não precisa ir a Disney antes de ser alfabetizada, não precisa de um guarda-roupa de estrela de cinema. Precisa ser amada. Sai de graça.Só custa caro quando é educada por duas criaturas mais infantis do que ela.




domingo, 3 de fevereiro de 2013
Martha Medeiros - Jornal Zero Hora

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A Morte Devagar - Martha Medeiro


Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.

Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado.

Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja quem não lê quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.

Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante.

Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia.

Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.  

Martha Medeiros



môzamô tá morrendo, e não possa fazer nada por ele... 

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

MUDE!


Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama… depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de TV, compre outros jornais… leia outros livros, viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo. Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua. Corrija a postura. Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia, o novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor. a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado…outra marca de sabonete, outro creme dental… tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.

O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!

Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!!!!




Edson Marques
http://mude.blogspot.com.br/