sábado, 31 de julho de 2010

A GENTE SE ACOSTUMA, MAS NÃO DEVERIA ....

Marina Colasanti


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não deveria ...
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E porque não tem outra vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha pra fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz.
E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler o Jornal no ônibus porque não pode perder o tempo de viagem.
A comer sanduíches porque não dá para almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra aceita os mortos e que haja números para os mortos.
E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz.
E não aceitando as negociações de paz aceita ler todo dia, de guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes.
A abrir as revistas e ver anúncios, a ligar a televisão e assistir comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita.
E a lutar por ganhar o dinheiro com que paga.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma à poluição.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável, à contaminação da água do mar, à lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galos na madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada, a gente molha só o pé e sua o resto do corpo...
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que de tanto acostumar, se perde de si mesma.

terça-feira, 27 de julho de 2010

MUDE


autor:  Edson Marques
Mude,
Mas comece devagar, porque a direção é mais importante
do que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente,
observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente no campo,
ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos...
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama... depois,
procure dormir em outras camas da casa.
Assista a outros programas de tv, compre outros jornais...
leia outros livros.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia.
O novo lado, o novo método, o novo sabor,
o novo jeito, a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes,
compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete,
outro creme dental... tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro,
compre novos óculos, escreva versos e poesias.
Jogue os velhos relógios,
quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros,
outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
Grite o mais alto que puder no espaço vazio.
Deixem pensar que você está louco.
Aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores
do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
A positividade que você está sentindo agora.
Só o que está morto não muda!



segunda-feira, 26 de julho de 2010

Palavras Repetidas - Gabriel O Pensador

Eu tava dormindo tentando sonhar.

(REFRÃO)
É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar, na verdade não há
Sou um grão de areia no olho do furacão,
No meio à milhões de grãos,
Cada um na sua busca,
Cada bússola num coração,
Cada um le de uma forma o mesmo ponto de interrogação,
Nem sempre pode se ter fé
Quando chão desaparece embaixo do seu pé
Acreditando na chance de ser feliz,
Eterna cicatriz,
Eterno aprendiz, das escolhas que fiz,
Sem amor eu nada seria,
Ainda que eu falasse a língua de todas as etnias,
De todas as falanges e facções,
Ainda que eu gritasse o grito de todas as legiões.
Palavras repetidas, mais quais são as palavras que eu mais quero repetir na vida?


Felicidade, paz, é
Felicidade, paz, sorte.
Nem sempre se pode ter fé
Mais nem sempre a fraqueza que se sente
Quer dizer que a gente não é forte.
Salam ♥ Aleikum

sábado, 24 de julho de 2010

PASSA RÁPIDO...

hj (ontem) fez um mês que passei pela meu quinto teste de vida, a internação de emergência com embolia pulmonar via trombose venosa profunda.
nasci enforcada com circular de cordão, roxinha, sem oxigênio por vários minutos.... a base de fórceps... e ousam me dizer que tenho QI acima da média, se com essas sequelas já sou brilhante, fico imaginando se não tivesse tido problemas no parto, ;o)) acho que a humanidade não estaria preparada para o advento de um ser como eu, ehehehehe  ¬¬
Mas aí, uns 6 anos depois, fui praticamente atropelada, o carro parou a uns 5cm de mim, quinem cena de filme, esq. da Moreira com Lopes, querendo já ser gente e atravessar rua sozinha deu nisso....

Depois no camping que passava as férias de verão em Cabof, caí na cisterna,quando brincava com a meninada de polícia e ladrão, sorrateiramente no lusco fusco dos lampiões, nem iluminação elétrica tinha, um bando de crianças de todos os lugares do Brasil, mais meus primos queridos, moral da história: quase me afoguei, precisou de 3 adultos pra me tirar de lá, toda lanhada e escalavrada, preocupada com minhas sandálias havaianas, meu calçado do verão, eu tava ferrada com meu pai se perdesse mais um par!
6 anos atrás,obstrução intestinal com necrose de mais de 30cm do intestino, com demora de quase 24hs no atendimento.  Quadro de abdomem agudo, não tive septicemia por pura obra do meu anjinho da guarda..., fiquei uma semana internada, não podia nem beber água por causa do risco de infecção atrapalhar o processo de cicatrização, voltei 3 meses depois pra refazer a primeira cirurgia, a da emergência.
E essa agora, todo esse perrengue, se não tiver bom humor pra enfrentar coisas assim, vira tragédia, tem sempre que ver o lado cômico....
(o que eu quero dizer com isso: simplesmente a galera do outro lado tá fazendo de tudo, até golpe baixo, pra me forçar a ainda ficar por essas banda, e o pior, não faço a mínima idéia o que eles querem dizer com isso, mas que são uns sacanas e se divertem pacas as minhas custas, ahhh, isso é verdade!!!!! )


(vou colocar aqui uns pedaços de uma msg que mandei pra uma amiga que tá em London)


 Ainda falta um pouco pra voltar a "normalidade" (seja lá o que for que isso queira dizer, né?, rsrs....), tá dependendo da reação do meu organismo a medicação anticoagulante, um ajuste na dose, e isso tá demorando um pouquinho.
Fora isso, é botar literalmente as pernas pro ar, por causa da trombose e da embolia pulmonar.... relaxar, gozar, e ser paciente, em todos os sentidos... rsrs, aquela tal disciplina que a gente tem que aprender ou aprender a ter, né?
Mesmo me repetindo, hj completou um mês que eu me internei, mas eu já vinha com problemas um outro tanto de tempo, já que uma série de outras intercorrências mascararam a causa principal.
Na realidade o que deflagrou tudo foi um tratamento pra umas hemorragias, estava fazendo um acompanhamento com a gineco pra suspender meus ciclos, um hormônio em doses altas, aí deu uma incompatibilidade e o problema vascular.
Tem um tal de NRI, ou INR, ou RIN, rsrs... (tô de brinks, ainda mais que vc tem filha e genro médicos, rsrs...) que deveria estar entre 2-3, o meu mal chega a 2, dái o tal ajuste, aumentando a dose paulatinamente... e no mínimo pros próximos seis meses.
Entonces, ainda de verdade não sei qd vou ter alta. Estou na casa de Mamy por um período indefinido, até os médicos me liberaram, affff.....
é sempre bom, receber essas goods vibes e seu carinho thanks!
tudo de bom procê, always! Se puder, manda fotos pra eu te ver, aí pelas Ôropa, rssss...
bjaum pra todos
da sua amiga querida

       

terça-feira, 20 de julho de 2010

achei interessante, estou reproduzindo aqui

respondeu acerca de uma série de questionamentos que eu vinha me fazendo;
do colunista da BandNewsFM Luiz Alberto Marinho
em 20/07/2010





Pesquisa indica surgimento do 'Luxo Popular Brasileiro'


14:15 Há cerca de 30 anos, o genial Joaozinho Trinta defendeu-se das acusaçoes de exagerar nos espetaculares desfiles da sua Beija-Flor de Nilópolis, com uma frase memorável - "povo gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual". A ideia refletia uma verdade da época, quando tudo levava a crer que o tal luxo cobiçado pelos pobres, era uma fiel reproduçao da vida dos mais ricos.
Mas os tempos mudaram. E hoje, o significado do luxo para a nossa emergente Nova Classe Média, nao é necessariamente igual ao luxo da elite. Pesquisa recém concluída pela consultoria 'A Ponte', do publicitário André Torreta, sugere que começa a surgir o conceito de "Luxo Popular Brasileiro". Quer um exemplo? Para as classes mais altas, luxo é uma maneira de ser ou sentir-se diferente dos outros. Para a classe C paulistana, ao contrário, é uma forma de inclusao, de ter o que os outros já têm. Outra diferença é que para os jovens da Nova Classe Média, luxo está essencialmente ligado a marcas e produtos e nao a experiências, como viagens, orgias gastronômicas ou aventuras esportivas.
A pesquisa da Ponte mostrou que para a classe C existem 3 tipos de luxo - o inatingível, o luxo da auto-estima e o do pertencimento. O luxo inatingível, representado pelos carros caríssimos, bolsas e sapatos de "muitos mil reais", como dizem os entrevistados, esse nao só nao faz parte da vida dessa garotada emergente como também nao habita seus sonhos de consumo. O mesmo nao acontece com o luxo da auto-estima, que passa pela compra de produtos ligados a moda ou beleza e faz com que essas pessoas se sintam bem com elas mesmas. Isso inclui desde tênis até unhas coloridas, apliques para o cabelo e acessórios. Nesse caso, para se sentir bem, vale até mesmo recorrer a "réplicas", que é um nome chique para falar de produtos piratas. Finalmente, o luxo do pertencimento é traduzido por marcas e produtos que ajudam a Nova Classe Média Brasileira a ser mais bem aceita nos lugares que ela frequenta, seja o trabalho ou a própria comunidade onde mora. Ou seja, para fazer parte da turma e sair bonito na foto, as regras sao cuidar da aparência e usar, afinal, aquilo que todo mundo usa. 
A pesquisa mostrou ainda que as marcas de luxo dos consumidores da classe C nao sao as mesmas da classe A. Para a Nova Classe Média, luxo mesmo é usar Nike, Adidas ou Oakley, viajar para lugares como a Disney, Fernando de Noronha ou Florianópolis, e possuir em casa equipamentos como PlayStation, TV de tela plana da LG ou um iPhone. Um dos grandes méritos desse trabalho da Ponte é questionar, mesmo que indiretamente, a noçao de que os mais pobres aspiram ser como os mais ricos. O argumento "aspiracional", aliás, tem sido usado largamente nos últimos anos para justificar muitas campanhas equivocadas. Agora começa a ficar claro que a Nova Classe Média, que é a maioria da populaçao brasileira, diga-se de passagem, tem suas próprias aspiraçoes e referências.




http://www.bluebus.com.br/show/2/97841/pesquisa_indica_surgimento_do_luxo_popular_brasileiro_do_marinho

segunda-feira, 12 de julho de 2010

impressões

Não foi a primeira vez que entrei num CTI, ou numa Unidade Coronariana, ou qq outro tipo de unidade fechada... mas foi a primeira vez que entrei deitada num leito e vindo de uma emergência.
Todos os textos que li, todos os relatos que ouvi, sempre se referiam como um lugar barulhento, mas qd eu entrava pra acompanhar algum paciente, eu estava tão focada no trabalho, no cuidar pessoas que estavam muito mal, realmente precisando do que eu podia ajudar, que nunca tinha percebido a cacofonia opressiva, que invade qq um que lá entra como no meu caso, que efetivamente nem era, mas era como estivesse sendo uma primeira vez...
Muito barulho, muitas coisas, luzes, aparelhos, pessoas do staff, uma realidade alternativa que a gente tenta assimilar em poucos minutos, pq vc nunca sabe qt tempo vai ficar lá dentro... depois eu ainda fiquei conjecturando quem entra ali desacordado, e tem que dar conta disso tudo qd vai recobrando a consciência...
Eu achava graça por ser a caçula do setor, lugar cheio de véinhos(as)... e nos dois primeiros dias, confesso que ficava humana e regredidamente injuriada pq não tinha TV no meu box, e tantos outros pacientes simplesmente dormindo ou vendo a programação banal dos canais abertos, isso sim, era o suficiente pra me fazer surtar, rsrs...  então a gente fica superligada, outra vez, na equipe de enfermagem, na rotina do setor, no horário da nossa medicação, de medir a pressão, a temperatura, de tomar banho, das refeições... isso sem ter a menor noção se tá calor ou frio lá fora, sol ou chuva, mesmo nos dias do jogo do Brasil, o único indício que eu tinha era de ouvir os aparelhos de TV's nos boxes perto do meu, e ver o enfermeiro chefe roendo as unhas ao lado de um paciente que parecia estar em coma induzida, mas com a TV dele ligadona nos jogos... ;-))
Depois, "a glória!!" - fui trocada de leito, não tão perto pra ouvir a enfermagem, mas finalmente eu tinha acesso aos demais canais de uma programação mais inteligente. Como isso faz falta!!!... a gente se acostuma mal a essas mordomias e benesses, que bem sei tão poucas pessoas tem acesso...  aí eu passei o dia e meio que ainda fiquei lá vendo filmes... isso me ajudava/ajuda pacas, em todos os dias da minha recuperação... ainda fiquei internada mais uns seis/sete dias, chegando no quarto e TODAS as minhas funções biológicas voltaram a funcionar, rsrs... if you know what I mean...e sem precisar tomar Activia...
E aí são pequenas vitórias no dia a dia, p.ex. qd eu fiquei liberada do soro, sem precisar andar de lá pra cá no quarto com o acesso no braço... tomar meu próprio banho sozinha, coisas assim...
Ainda sem alta médica, mais de um mês com tudo isso acontecendo, mas levando um dia de cada vez.
Fico espantada como os dias passam sem eu sentir, me assusto como o tempo voa... o ritmo da recuperação é outro.... só dá pra saber isso, que tudo tem seu tempo.... quase em slow motion...
Então,
as always,
hasta la vista! I'll be back.

.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

SOCORRO!!!!

Minha mãe acabou de entrar no "meu quarto" (que era o meu antigo quarto, hj é um escritório esculhambado, rsrs), e reclamou que a impressora não estava funcionando, eu cândidamente perguntei, "está ligada?" ela jura de pés juntos que está, eu digo que não está, ela diz que está, eu digo que não deve estar, ela diz que está sim, mas mesmo assim ela aperta o botão de novo, a impressora finalmente liga, ela diz, "ih, num tava ligada, não...", e eu ainda tenho que lembrar de cabeça aonde está o ícone na área de trabalho no computador que NÃO é o meu, o segundo de cima pra baixo, da direita pra esquerda, clica, uma vez não, pq não abre o programa, TEM QUE SER DUAS VEZES, MAMÃE QUERIDA!!!!!!!, lembrar tb aonde clica pra opção tirar cópia (isso tudo eu deitada, sem ver a tela direito pq a cadeira dela tapa a visão e eu estou tentando ver meu episódio inédito da minha séria preferida, mas deixa pra lá, rsrs....), e a outra janela que abre tem a opção em verde bem chamativa tirar cópias, bem na frente dela, que ela NÃO ESTÁ VENDO, é claro....., isso tudo pra chamar a atenção, of course, que eu entendo isso tudo, pq cuidar de alguém é super difícil pra ela, tem que ter alguém que cuide dela tb, e só sobra eu, por acaso, rsrs.... e finalmente ela tira a cópia tão importante que ela precisava não sei pra que... isso sem dizer que ela tá ficando MUITO resfriada, e entra no MEU QUARTO TODA HORA pra me contar isso, espirrando horrores EM CIMA DE MIM.... rsrsrs.... e vcs NÃO QUEREM QUE EU NÃO TENHA BOM HUMOR??????
que outra forma eu poderia vivenciar isso, se eu estou contando somente quinze minutinhos dessa minha forçada estadia aqui pra vcs terem uma mínima idéia????

abafa....


E ainda tem o probrema íntimo tipo assim, pq é mulher-conga pra baixo e em tudo que é lugar, cabelo com mais de dois dedos de raiz sem tonalizante, mal e porcamente lixando as unhas, aquilo que a gente minimamente se acostuma a fazer pra se cuidar.... tudo vira muito, e fora das possibilidades terapêuticas no momento... tipo, então eu faço a fantasia que estou acampada no meio da ilha de Lost e sem acesso a civilização, aí eu fico super feliz por ter água, escova de dentes, rsrs.... tomar banho no chuveiro, etc e tal.... é loooosho puro, rsrs..... como a galera fala na internet....
Mas e vou ficando porraki pq já escrevi muita besteira, tempo ocioso dá nisso - e antes, qd não tinha esse tempo, qual era meu álibi?? ;-))))
Bjks do meu coração pros seus corações



PS: espero que tenha saído um texto coerente e legível, rsrs.... me avisem se o caso estiver grave....por favor!!!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Que dia é hoje mesmo?

Enquanto eu ficava sem internet, nos primeiros dias da minha internação, eu pensava num monte de coisas pra escrever... tanto do ponto de vista da experiência pessoal, quanto do ponto de vista de uma profissional que estava do outro lado do espelho, já tendo acompanhado tantos casos como tudo que estava acontecendo comigo, lembrando dos inúmeros relatos dos meus pacientes, das horas que dediquei numa escuta delicada, pra entender todas as nuances que uma vivência como essa propicia e deflagra...
Bom, pra começar, ficar semanas sem respirar direito, fazer uma bateria de exames e nenhum indicar nada significativo.  Se por um lado mostrava um lado do meu organismo que estava bem saudável, se pode-se falar dessa maneira, eu SABIA que tinha alguma errada que num tava certa, rsrs....
É muito cansativo, por estar acima do peso padrão, tudo ser debitado na conta da obesidade, e eu tendo a certeza que não tinha nada a ver com quantos quilos eu pudesse estar, com todo treinamento em tentar entender o que pode estar errado com um paciente que chega num consultório, nenhum bom diagonsticador consegue escapar desse  paradigma, em qualquer lugar que a gente olhe, leia, escute, assista, a mensagem é uma só: padrão de beleza magro, igual a saúde, qualquer quilo a mais, crime de lesa sociedade...  Como se os magros nunca ficassem doentes, pense bem...
Aí finalmente faço o exame que tudo define... o hormônio que eu estava tomando pra suspender minhas menstruações, induzindo uma menopausa precoce, pois eu vinha tendo verdadeiras hemorragias caudalosas por causa dos miomas que eu tenho,  causou a trombose no meu sistema venoso profundo da perna esquerda, levando os coágulos aos pulmões, no momento das trocas entre o CO2 e O2, as pequenas embolias que tanto dificultavam meu respirar, e até então sem explicação.  Só que é um caso de internação urgentíssima... e lá vou eu, acalmando ainda a família, que ficou toda assustada com o pancadão, quanto mais leigo, sempre a fantasia piora o quadro, me levei e a eles pra emergência do hospital.
Chegando aqui, quarta feira passada, tudo superlotado, ainda tive que esperar uns bons 45min pra ser admitida, pq não tinha um leito sequer disponível. O que me acalmava era que meu médico já tinha me dado uma dose de SOS do anticoagulante no próprio consultório, ao sair com o encaminhamento, eu já estava menos preocupada com o risco de uma parada respiratória, e se não tinha tido nas últimas 3 semanas, enquanto não tinha sido diagnosticada, seria muito azar ter um treco ali, justo na sala de espera da emergência... e melhor lugar não teria pra ter o piripaque, né? alguém, com certeza, teria que vir correndo, de um jeito ou de outro me olhar, rsrs...
Bem, depois dessa pequena espera, uma enfermeira faz minha internação... me leva pra um box, me pede (na realidade manda, rs) que eu tire toda minha roupa e coloque uma camisola do hospital, feita de material descartável, afff, pequena pra mim, me deita no leito e tome a me enfiar - metaforicamente falando, por favor, rs -  fios por tudo qt é lugar, e os bips começam e vc não sabe o que eles querem dizer, e pra que serve tudo aquilo... aquele breguete que vai aferir a pressão no seu braço fica ali, direto, na máquina também, é automático, e de vez em qd infla sozinho, seu braço fica duro, vc não consegue mexer, o outro está com acesso pro soro e a medicação, então, ou vc relaxa ou vc relaxa, não tem outra opção.  Eu percebi que a parti dali, não tinha a menor noção qd voltaria a ter permissão a pisar com os pés no chão... ela embalou tudo, minhas roupas num saco, sapato num outro, e entregou pra minha família.  Tudo que era meu, eu não tinha mais nada, só deixaram ficar de óculos pq sem eles não enxergo um palmo do meu nariz.
Voltando aos procedimentos, detalhe, sem travesseiro, o pescoço fica duro, então tá, tenta respirar de qualquer maneira, pra não deixar a situação pior do que já é.... o ambiente é altamente climatizado, também por causa dos aparelhos, então faz frio, e não tem lençol, o cobertor azul, que não é dos piores, também não é dos melhores, rsrs.... mas também isso vc não pode deixar te incomodar, pq daqui a pouco, o soro vai dar vontade de vc fazer pipi, e de qq jeito vc vai descobrir que tem que chamar a enfermagem e é outra descoberta que vc faz, que tem que deixar pudores e toda educação que vc recebeu e exerceu a sua vida toda, e outra pessoa vai se encarregar das suas necessidades fisiológicas pra vc... gentem, a vida é muito irônica, vamos combinar isso, tá???
O que me trouxe pra cá foi uma medicação pra suspender a menstruação... lógico que a primeira coisa que se faz é suspender essa medicação... então... o que estava suspenso, tarããããã.... retorna... com toda força de uma represa que foi rompida... e vc está presa no leito, sem poder se higienizar apropriadamente, com os braços relativamente com os movimentos limitados, sem respirar pq cansa... só me resta manter o bom humor...
E vários médicos vem e falam com vc, se acontecer com vc de entrar no horário de mudança de turno, o que tá saindo faz a sua entrada, passa o seu caso pro que tá entrando, aí, a parte da equipe que vai cuidar do seu leito, se apresenta a vc, mas os pacientes devem ser pra eles assim como eles são pra nós, um bando de rostos, que não registram muito... mas que a gente fica ligadão pra ver se falam um pedacinho de informação do seu quadro... ou se o resultado de algum exame já desceu... e as horas vão sendo divididas por essas vivências... e não mais pelos minutos que se acostuma a seguir...
O lanche ou qq outra refeição é servido no próprio leito, vc com os braços ocupados se vira como pode, são pequenas autonomias que fazem bem, aquela pequena porção de manteiga sem sal que vc JAMAIS compraria pra comer em casa, vira coisa de gourmet, rsrs.... eu faço de conta que estou num SPA, misturo com a geléia pra ficar palatável, sério, de verdade, não reclamo não...
Sei que tive muita sorte, ou fui muito, mas muito protegida e abençoada, pra não ter tido uma intercorrência séria enqt o diagnóstico não saiu.  Pq poderia ter sido muito grave se o coágulo subisse de vez pro pulmão...
Depois eu quero escrever como foi estar no CTI, não agora, no próximo... 
Eu escrevo como eu penso.. e eu penso muito, rsrs....
Já estou há mais de uma semana aqui, e só agora com acesso ao meu blog, então, ainda tem muita coisa que gostaria de colocar pra fora...
É nessa hora que eu digo pra mim mesma, inté a próxima... hj já tá de bom tamanho.