sexta-feira, 27 de abril de 2012

Homens não vão embora

As mulheres têm de botá-los para fora

  Reprodução

Ontem eu vi Comer, Rezar, Amar. Imagino que muitos de vocês já tenham visto. Bonito filme. Me fez pensar sobre um monte de coisas, algumas boas e outras más. Entre as más, está um fato bem conhecido pelas mulheres, sobre o qual eu gostaria de escrever hoje: a incapacidade dos homens de ir embora.

É impressionante. Na biografia de Elizabeth Gilbert, autora do livro que deu origem ao filme, há dois casamentos, com homens totalmente diferentes, que terminam exatamente do mesmo jeito: em farrapos, sem sexo e sem amor, mas com um sujeito que se recusa a admitir a realidade. É ela quem tem de arrumar as malas e ir embora. 

Isso não me causa a menor estranheza. Boa parte dos casamentos que eu conheci terminaram assim. As mulheres dão fim a eles. Os homens empurram com a barriga, se adaptam a níveis crescentes de desconforto, vão ficando. Por anos. Sofrem o apodrecimento diário da intimidade, a privação física e afetiva do amor que acabou, mas não rompem. Isso vale para maridos, namorados e até amantes. Todos esperam que as mulheres ponham fim às relações, saindo da vida deles ou pondo eles para fora da vida delas. São acomodados, pusilânimes. 

Por que esse comportamento? Eu não sei. Num pedaço bonito do filme, ao escrever um e-mail para o ex-marido, Gilbert sugere que ele teria medo de “ser destruído” pela separação. A linguagem parece exagerada, mas faz sentido. Por que alguém viveria numa pocilga emocional por tanto tempo se não estivesse inteiramente apavorado com a ideia de ficar só?
A solidão, para algumas pessoas, em algumas situações, pode ser pior que sofrimento. Ela equivale a um estado de não existência, uma espécie de aniquilação. O sujeito não consegue se imaginar fora do casal. Por isso se agarra a ele de forma obstinada e insensata.
Mas esta é apenas a explicação de Gilbert. Não é necessariamente correta e talvez não sirva para todos os casos.

Quando o sentimento erótico e amoroso acaba, continuamos presos pelo resto, dependentes como crianças de tudo que a mulher-mãe representa na nossa vida. Que criança consegue voluntariamente se separar da mãe? É a mãe que tem de fazer uso da sua autoridade e decretar, para além de qualquer sombra de dívida, que a relação acabou. Aí o homem-menino começa a se mexer e procurar outra parceira.  Da minha parte, acho que nós, homens, somos terrivelmente infantis. O casamento, para muitos de nós, equivale a uma espécie pervertida de adoção. Nossa mulher se torna a nossa mãe. Ela cuida do nosso bem estar material, nos dá conforto afetivo, estabelece limites ao nosso comportamento (que nós, secretamente, transgredimos) e, claro, nos dá carinho físico na forma de sexo.

Quando o sentimento erótico e amoroso acaba, continuamos presos pelo resto, dependentes como crianças de tudo que a mulher-mãe representa na nossa vida. Que criança consegue voluntariamente se separar da mãe? É a mãe que tem de fazer uso da sua autoridade e decretar, para além de qualquer sombra de dívida, que a relação acabou. Aí o homem-menino começa a se mexer e procurar outra parceira.

Isso parece um clichê ensebado? Parece, mas acho que explica aspectos importantes da realidade. Antes e depois da separação. Outro dia, eu almoçava com uma amiga e ela me falou sobre o comportamento de um ex-namorado, ciumentíssimo, que exigia a presença dela a todo o momento – e reagia com fúria se ela manifestasse o desejo de ficar longe dele. O que isso sugere senão uma criança tirânica, assustada com a ausência da mãe?
Para evitar esse tipo de relação – e o tipo de separação da história de Gilbert – é melhor escolher um homem independente, que não precise ser cuidado, tutelado ou aplacado como um bebê. Nem fique fazendo estripulias para chamar sua atenção.

Quando o instinto maternal sugerir que você deveria “tomar conta” daquele marmanjão de vida bagunçada, dê um passo para trás. Lembre de Comer , Rezar, Amar. Lembre que o momento em que você se torna a mãe dele é o mesmo momento em o desejo dele e o seu começam (paradoxalmente) a acabar. Ninguém quer isso para si mesmo, não é?


IVAN MARTINS
texto publicado no site em 15/12/2010
É editor-executivo de ÉPOCA escreve às quartas-feiras
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI195965-15230,00-HOMENS+NAO+VAO+EMBORA.html

sexta-feira, 20 de abril de 2012

POEMA

A maioria das doenças que as pessoas tem, são poemas presos: absessos, tumores, nódulos, pedras.
São palavras calcificadas.
São poemas sem vazão.

Mesmo cravos pretos, espinhas, cabelo encravado, prisão de ventre, poderiam um dia, ter sido poema. Mas, não. Pessoas adoecem da razão de gostar de palavra presa.

Palavra boa é palavra líquida, escorrendo em estado de lágrima. Lágrima é dor derretida, dor endurecida é tumor.
Lágrima é raiva derretida, raiva endurecida é tumor.
Lágrima é alegria derretida, alegria endurecida é tumor.
Lágrima é pessoa derretida, pessoa endurecida é tumor.
Tempo endurecido é tumor, tempo derretido é poema.

E você pode arrancar os poemas endurecidos do seu corpo, com buchas vegetais, óleos medicinais, com a ponta dos dedos, com as unhas, você pode arrancar poemas com alicate de cutículas, com o pente, com agulha, com pomada basilicão, com massagens e hidratação, mas não use bisturi - quase nunca.

Em caso de poemas difíceis, use a dança. A dança é uma forma de amolecer os poemas endurecidos do corpo. Uma forma de soltá-los das dobras, dos dedos dos pés, das unhas. São os poema-coccix, os poema-peito, os poema-olho, os poema-sexo, os poema-cílio.

Atualmente eu ando gostando de pensamento-chão. Pensamento-chão é poema que nasce do pé, poema de pé-no-chão. Poema de pé-no-chão é poema de gente normal, gente simples, gente de espírito santo. Eu venho do espírito santo. Eu sou do espírito santo. Eu trago a vitória do espírito santo. Santo, é o espírito capaz de operar milagres sobre si mesmo.

Viviane Mosé

Ouvir, é lágrima derretendo... Este poema em vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=4CrEFX4Bjns

Viviane Mosé é capixaba e vive no Rio desde 1992. É psicóloga e psicanalista, especialista em “Elaboração e implementação de políticas públicas” pela Universidade Federal do Espírito Santo. Mestra e doutora em filosofia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autora do livro Stela do Patrocínio - Reino dos bichos e dos animais é o meu nome, publicado pela Azougue Editorial e indicado ao prêmio Jabuti de 2002, na categoria psicologia e educação. Organizou, junto com Chaim Katz e Daniel Kupermam, o livro Beleza, feiúra e psicanálise (Contracapa, 2004). Participou da coletânea de artigos filosóficos, Assim Falou Nietzsche (Sette Letras, UFOP, 1999). Publicou em 2005, sua tese de doutorado, Nietzsche e a grande política da linguagem, pela editora Civilização Brasileira. Escreveu e apresentou, em 2005 e 2006, o quadro Ser ou não ser, no Fantástico, onde trazia temas de filosofia para uma linguagem cotidiana.

Como poeta, publicou seu primeiro livro individual em Vitória, ES, Escritos, (Ímã e UFES, 1990). Publicou, no Rio, Toda Palavra, (1997), e Pensamento Chão ( 2001), ambos reeditados pela Record em 2006 e 2007. E Desato (Record, 2006). Participou em 1999 do livro Imagem Escrita (Graal, 1999), coletânea de artistas plásticos e poetas, em parceria com o artista plástico Daniel Senise. Seus poemas foram tema da Coleção Palavra, de estilistas de Oestudio Costura, que desfilou no Fashion Rio de 2003. É autora dos textos poéticos da personagem Camila no filme Nome Próprio de Murilo Salles, (2008). Tem alguns de seus poemas musicados, é parceira da cantora Mart’nália em duas músicas, “Contradição” e “Você não me balança mais”, que foram gravadas por ela e por Emílio Santiago, em seu último disco.

Entre outros.  Uma mulher excepcional e fabulosa. Admiro muito.
minha homenagem, ao copiar essa postagem de uma página do Face
(Psicologia DIA A DIA) e postar aqui no blog

https://www.facebook.com/psicologiadiaadia

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Liberte Sua Alma

Não se prenda à beleza das formas efêmeras.
A flor passa breve.


Não amontoe preciosidades que pesem na balança do mundo. 
As correntes de ouro prendem tanto quanto as algemas de bronze.


Não se escravize às opiniões da leviandade ou da ignorância. 
Incitatus, o cavalo de Calígula, podia comer num balde enfeitado de pérolas, mas não deixava, por isso, de ser um cavalo.


Não alimente a avidez da posse. 
A casa dos numismatas vive repleta de moedas que serviram a milhões e cujos donos desapareceram.


Não perca sua independência construtiva a troco de considerações humanas. 
A armadilha que pune o animal criminoso é igual à que surpreende o canário negligente.


Não acredite no elogio que empresta a você qualidades imaginárias. 
Vespas cruéis por vezes se escondem no cálice do lírio.


Não se aflija pela aquisição de vantagens imediatas na experiência terrestre. Os museus permanecem abarrotados de mantos de reis e de outros “cadáveres de vantagens mortas”.


(André Luiz / Chico Xavier / Livro: Agenda Cristã)

quarta-feira, 11 de abril de 2012

RELACIONAMENTOS


Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida.
Detesto quando escuto aquela conversa:
- 'Ah,terminei o namoro...
- 'Nossa,quanto tempo?'
- 'Cinco anos... Mas não deu certo...acabou'
- É não deu...?
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos esta coisa completa.
Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é malhada, mas não é sensível.
Tudo nós não temos.
Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico; que é uma delícia.
E as vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante...e se o beijo bate... se joga... se não bate...mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.
O outro tem o direito de não te querer.
Não lute, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa tá com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família?
O legal é alguém que está com você por você.
E vice versa.
Não fique com alguém por dó também.
Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria compania?
Gostar dói.
Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração. Faz parte.
Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo
E nem sempre as coisas saem como você quer...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias.
E nem todo sexo bom é para namorar
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.
Enfim...quem disse que ser adulto é fácil?

achei esse texto zapeando porraí, atribuído à  ARNALDO JABOUR

domingo, 1 de abril de 2012

DECÁLOGO DO BOM ÂNIMO

1 - Dificuldades? Não perca tempo, lamuriando. 
Trabalhe.

2 - Críticas? 

Nunca aborrecer-se com elas. Aproveite-as no que mostrem de útil.
 
3 - Incompreensões? 

Não busque torná-las maiores, através de exigências e queixas. Facilite o caminho.
 
4 - Intrigas? 

Não lhes estenda a sombra. Faça alguma luz com o óleo da caridade.
 
5 - Perseguições?

 Jamais revidá-las. Perdoe esquecendo.
 
6 - Calúnias? 

Nunca enfurecer-se contra as arremetidas do mal. Sirva sempre.
 
7 - Tristezas?

 Afaste-se de qualquer disposição ao desânimo. Ore abraçando os próprios deveres.
 
8 - Desilusões?

Por que debitar aos outros a conta de nossos erros? Caminhe para frente, dando ao mundo e à vida o melhor ao seu alcance.
 
9 - Doenças?

 Evite a irritação e a inconformidade. Raciocine nos benefícios que os sofrimentos do corpo passageiro trazem à alma eterna.
 
10 - Fracassos?

Não acredite em derrotas. Lembre-se de que, pela bênção de Deus, você está agora em seu melhor tempo – o tempo de hoje, no qual você pode sorrir e recomeçar, renovar e servir, em meio de recursos imensos.
 

André Luiz / Chico Xavier / Livro: Coragem