o jogão do Flu... minha família é dividida em FlaxFlu, no último níver do meu irmão, até dar um bolo com vela e escudo do Fluzão eu dei pra ele, rsrs... eu tinha saído do hospital mal tinha uma semana, mas tinha dado um jeito de encomendar e numa das vezes que fui fazer um exame de sangue passei por uma loja de festa de aniversário que tinha essa velinha de bolo, e como era pro meu irmão, sabe como é... sempre se dá um jeito, né?
e nem gosto de futebol, por puro trauma de infância... mas nada disso deve ser coisa que te interessa... coisas a meu respeito não te interessam, né? mas eu ainda penso muito em vc, puramente por te querer bem...
por mais que eu saiba que vc fez sua escolha, não me convence que vc seja feliz, no fundo da sua alma...
sei que nos acomodamos com as escolhas feitas, por uma série de razões...
mas o que vi em vc qd me procurou foi uma pessoa sofrida, pela vida e pelas desilusões...
isso me impactou profundamente, pq nada do que eu pudesse fazer, todo o amor que eu tinha pra te dar, não pude, nem teria como tirar isso de dentro de vc
qd vc tava deitado ao meu lado, ao tocar seu peito, senti tanta angústia vindo de vc, mas muito, muito sofrimento e dor...
poucas vezes na minha vida profissional vi tanta assim, e já vi muita gente sofrer...
na última vez que vc esteve no meu consultório, vc me contou no seu olhar a angústia de querer ser amado por uma pessoa e ficar impotente por ela não dar aquilo que vc espera dela...
e vc em plena ereção, me pedindo um carinho, que me custou horrores pra não te dar...
mas vc estava me magoando muito, e naquele exato momento eu tb não tinha como te dar um prazer efêmero... pq eu queria muito mais de vc...
outra coisa que me deu vontade de enviar pra vc foi uma das crônicas da Lya Lufft, que escreve na Veja, entre outros lugares, e que fala entre coisas, de tantas coisas que eu te disse, pra vc ver que não é birra ou uma opinião pessoal minha, mas a visão de uma pensadora madura, que vê a sociedade com olhos sábios e que rompeu várias convenções pra chegar onde chegou...
VEJA
Edição 1999
14 de março de 2007
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Ponto de vista: Lya Luft
Mulheres & Mulheres
"Existem as mulheres maltratadas, aviltadas,
submetidas. Mas a maioria de nós pode lutar
com determinação por uma vida mais plena"
O assunto já está enjoando, embora a medicina tenha encontrado recentemente novos motivos para as diferenças entre masculino e feminino, ou, como dizem minhas netas gêmeas de 4 anos e seu primo da mesma idade, entre meninos e meninas (para eles o pai, os tios e o avô emprestado são "meninos", enquanto a mãe, as avós e as tias estão na categoria "meninas").
Muito de verdadeiro ou de fantasioso se tem dito e escrito sobre a questão da mulher. Fora das culturas em que mulher vale menos do que um animal de tração, uma das lorotas é que ela foi sempre esmagada pelo troglodita brutal, traída pelo sem-vergonha, desprezada pela sociedade cruel. Nem todas. Nem sempre. Basta ler um pouco de história – não a dos livros escolares, mas alguma coisa mais bem documentada – para ver que em todas as épocas houve mulheres realizadas, influentes política e culturalmente. Talvez não tenham sido maioria, mas homens interessantes também não são a maioria.
É verdade que mulheres sempre causaram desconforto, ou por sua postura vitimal ou por suspeitas que despertam quando não são bobas. A Igreja queimou milhares como bruxas, porque conheciam ervas medicinais, por serem parteiras, portanto chegadas ao mistério da vida e da morte, outras simplesmente porque de alguma forma não se enquadravam. Acabo de ler uma boa biografia de Joana d'Arc, recheada de documentos comprovando a ignorância, a farsa, a brutalidade com que foi processada e queimada viva pela chamada Mãe Igreja. Tinha menos de 20 anos, a pobre moça que em sua aldeia chamavam de Joaninha. Pouco depois resolveram mudar tudo, e recentemente até a declararam santa. Histórias da Inquisição são de vomitar: homens, crianças, velhos e velhinhas, por qualquer motivo, eram vítimas de tortura, sangue e fogueira. Mas as mulheres, ah, essas criaturas que sangram todo mês e não morrem, com orifícios que prometem prazeres inomináveis, certamente têm parte com o Demo, e foram as vítimas preferidas. Antigamente, da Inquisição; agora ainda, em muitos casos, da fogueira do preconceito (também das próprias mulheres, diga-se de passagem).
Mas é folclore que fomos sempre submissas e sacrificadas: muitas de nossas doces avozinhas dirigiam a família com olho rápido, língua afiada e pulso firme. Mesmo em séculos passados, a mãe eventualmente detinha um poder invejável. O marido não raro a consultava no secreto do quarto sobre decisões importantes, nas propriedades rurais ela administrava a casa da cidade, fiscalizava o estudo dos filhos, negociava casamentos, cuidava do dinheiro, enquanto o marido e senhor corria com seus peões pelas vastidões do campo atrás do gado.
Houve e ainda há as maltratadas, traídas e inferiorizadas. As que não tiveram escolha, submetidas e humilhadas já pela cultura perversa em que nasceram; existem as que se acomodam por interesse, as que se acovardam por serem infantis, e acabam cobrando alto preço aos que com elas convivem. Quanto à traição masculina, muitas mulheres sabem, fingem ignorar, para assim dominarem o trapalhão através da culpa, e ao mesmo tempo serem dispensadas do chatíssimo (para elas...) dever conjugal. "Perdoam" infidelidades maritais, para ter sossego na cama, para não perder o provedor, para manter o status de casada, "para não desmanchar a família" (filhos manipulados como desculpa para coisas atrozes entre os pais).
Não, a mulher não foi sempre ou somente a coitadinha. Muitos homens sofrem com a silenciosa ou eloqüente chantagem emocional da mulher, de quem não conseguem se separar por culpa, sentimento de responsabilidade ou mesmo simples fraqueza.
Mulher vitimal, se generalizado, é um conceito altamente hipócrita. Existem as maltratadas sem saída, as aviltadas sem socorro, as submetidas sem opção. Mas a maioria de nós nem é santa nem é boazinha e, em lugar de acusar e se queixar, pode lutar com determinação por uma vida mais plena. Isso dependerá de cada uma, de sua personalidade, suas marcas de vida, sua condição familiar, sua informação, sua neurose e sua frustração. Nas proximidades do Dia da Mulher, quero dizer que ela dispensa elogios falsos e louvações consoladoras, porque ela não é vítima por essência, porque na nossa cultura pode construir sua vida e seu destino e escrever sua história, embora com limitações, como todos as têm. Talvez pudéssemos começar não nos pensando em primeiro lugar como "mulheres", mas como pessoas, e como pessoas buscar respeito, espaço, trabalho, tranqüilidade, alegria e amor. Masculino e feminino são secundários à essência "ser humano": vêm depois disso, nessa velhíssima e nem sempre bem contada história da guerra dos sexos.
Lya Luft é escritora
http://veja.abril.com.br/140307/ponto_de_vista.shtml