Não foi a primeira vez que entrei num CTI, ou numa Unidade Coronariana, ou qq outro tipo de unidade fechada... mas foi a primeira vez que entrei deitada num leito e vindo de uma emergência.
Todos os textos que li, todos os relatos que ouvi, sempre se referiam como um lugar barulhento, mas qd eu entrava pra acompanhar algum paciente, eu estava tão focada no trabalho, no cuidar pessoas que estavam muito mal, realmente precisando do que eu podia ajudar, que nunca tinha percebido a cacofonia opressiva, que invade qq um que lá entra como no meu caso, que efetivamente nem era, mas era como estivesse sendo uma primeira vez...
Muito barulho, muitas coisas, luzes, aparelhos, pessoas do staff, uma realidade alternativa que a gente tenta assimilar em poucos minutos, pq vc nunca sabe qt tempo vai ficar lá dentro... depois eu ainda fiquei conjecturando quem entra ali desacordado, e tem que dar conta disso tudo qd vai recobrando a consciência...
Eu achava graça por ser a caçula do setor, lugar cheio de véinhos(as)... e nos dois primeiros dias, confesso que ficava humana e regredidamente injuriada pq não tinha TV no meu box, e tantos outros pacientes simplesmente dormindo ou vendo a programação banal dos canais abertos, isso sim, era o suficiente pra me fazer surtar, rsrs... então a gente fica superligada, outra vez, na equipe de enfermagem, na rotina do setor, no horário da nossa medicação, de medir a pressão, a temperatura, de tomar banho, das refeições... isso sem ter a menor noção se tá calor ou frio lá fora, sol ou chuva, mesmo nos dias do jogo do Brasil, o único indício que eu tinha era de ouvir os aparelhos de TV's nos boxes perto do meu, e ver o enfermeiro chefe roendo as unhas ao lado de um paciente que parecia estar em coma induzida, mas com a TV dele ligadona nos jogos... ;-))
Depois, "a glória!!" - fui trocada de leito, não tão perto pra ouvir a enfermagem, mas finalmente eu tinha acesso aos demais canais de uma programação mais inteligente. Como isso faz falta!!!... a gente se acostuma mal a essas mordomias e benesses, que bem sei tão poucas pessoas tem acesso... aí eu passei o dia e meio que ainda fiquei lá vendo filmes... isso me ajudava/ajuda pacas, em todos os dias da minha recuperação... ainda fiquei internada mais uns seis/sete dias, chegando no quarto e TODAS as minhas funções biológicas voltaram a funcionar, rsrs... if you know what I mean...e sem precisar tomar Activia...
E aí são pequenas vitórias no dia a dia, p.ex. qd eu fiquei liberada do soro, sem precisar andar de lá pra cá no quarto com o acesso no braço... tomar meu próprio banho sozinha, coisas assim...
Ainda sem alta médica, mais de um mês com tudo isso acontecendo, mas levando um dia de cada vez.
Fico espantada como os dias passam sem eu sentir, me assusto como o tempo voa... o ritmo da recuperação é outro.... só dá pra saber isso, que tudo tem seu tempo.... quase em slow motion...
Então,
as always,
hasta la vista! I'll be back.
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