ouvi o Juca de Oliveira declamando hj pela manhã na BandNewsFMRio, e, como toda boa poesia, fala muito ao coração... tenho um professor que ensinava que nem sempre os livros de Psicologia vão conseguir traduzir os estados complexos que trazemos na alma, mas que a arte, a música, a poesia, essas poderiam em determinados momentos sintetizar a gama das experiências humanas. Me pareceu que esse texto fosse um desses tais momentos...
Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei.
Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê, quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo, torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo é do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem; Assisto à minha passagem, diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li o que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.