“Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as
distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro
retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi
interrompido.
Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de
códigos verbais para se manifestar.
O que você tem dificuldade de expressar a
um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam,
comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras. É receber o que
vem do outro com aceitação anterior ao entendimento. É não ter necessidade de
explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de
separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades
dadas (tiradas) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar.
E para
que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais, a expressão do outro sob a
forma ampliada do eu individual aprimorado.”
Arthur da Távola