terça-feira, 3 de janeiro de 2012

reflexões

durante mais de 20 anos, tive o hábito de ler diarimente um jornal de grande circulação e pelo menos três revistas de informação por semana...
depois de ficar mais compulsiva na internet, e de virar dona de casa (leia-se realizar o sonho de comprar meu apê e finalmente conseguir morar no lugar que eu posso chamar de MEU, rsrs) algumas benesses foram trocadas, of course, entre elas, as assinaturas pela TV a cabo, por exemplo...
então...
ficando de bob por uns dias, e ter uns jornais pra ler, coisa que não faço há algum tempo, fico perplexa com a quantidade de notícia que já não considero tão relevante, mas não consigo deixar de lado a velha mania de ler o bendito de cabo a rabo, às vezes até mesmo a seção de classificados....
Na internet rola um chiste que o Acre não existe, pra quem não sabe, e hj me deparo com uma matéria no Globo, falando da onda de imigrantes ilegais que estão aportando por lá, vindos do Haiti... e confirmo meu primeiro pensamento... de que é consequência direta e imediata do terremoto de 2010, como se fosse um tipo de réplica silenciosa e invisível, da devastação de um país que não conseguiu ainda se reconstruir.  Se já era paupérrimo antes do cataclisma, agora tudo deve estar pior ainda... Leio que são na maioria profissionais qualificados, mas que chegam lá, naquele Acre que não existe, (e que pra maioria dos brasileiros não existe de fato, pq nem imaginam como dever ser viver por aquelas bandas...), sem dinheiro, famintos, sem documentos...
É, um Brasil que está sendo visto com bóia de salvação. E a gente ainda acha que tem tanto problema na vida...
mais adiante, numa coluna do sociólogo Paulo Delgado, que já foi parlamentar, combativo, vi uma frase linda logo na introdução, citando João Cabral de Mello Neto: "Durante toda a minha vida só fiz uma coisa: melhorar".
outro articulista cita o formidável Viktor Frankl, nossa, como ele marcou minha vida, tanto pessoal, profissional como acadêmica, o encontro que eu tive com esse (então já bem velhinho) grande Homem!: "A transitoriedade de nossa existência de forma alguma retira seu significado.  Ao contrário, torna-se um incentivo para nos dedicarmos a realizar nossas possibilidades com toda intensidade", aconselha em "A busca humana por significado" (1959).
Compreender é um milagre ainda maior do que existir. A consciência é uma oportunidade de experimentar possibilidades que transcendem as dimensões materiais de um mundo físico. Mais adiante, no mesmo artigo, outro trecho inspirador: " E sem amor estamos perdidos, somos vazios, andarilhos sem raízes, insensíveis aos semelhantes".
Leio tb na Veja de meado de dezembro de 2011, num artigo da psicanalista Betty Milan: "Por que ler os clássicos? (diria eu - pq ler de um modo geral, não é?) O que há neles de fundamental para nós?  Com essa questão em mente, reli Hamlet, anotando os seus ensinamentos.  Antes de dizer adeus a Ofélia, Hamlet envia a ela um poema: "Duvida de que os astros sejam chamas / Duvida de que o sol gira / Duvida da própria verdade / Mas não duvida de que eu te amo".  Algumas poucas linhas para dizer o essencial sobre o amor.  Ou seja, que ele não suporta dúvida, a desconfiança. [...] A leitura dos clássicos se faz necessário pela sabedoria que eles contêm.  Em especial, a sabedoria que se refere aos sentimentos humanos.  Ela nos faz refletir e viver melhor.  Hamlet ensina a não fazer pouco do amor e a não desperdiçar a vida, chorando infindamvelmente a morte e a perda." - bacana isso, não?