eu li a pesquisa, muito interessante, por sinal, um tempo atrás, e fiquei caçando ele muito tempo, achei num blog que leio com frequência, então vou postar os dois aqui...
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Beleza com jogo de cintura
"Roubei" esta reportagem de um blog que leio sempre, o Gordinhas Maravilhosas, retirada do Jornal O Dia On line.
O fenômeno da diferente relação com o corpo entre as camadas populares e a elite zona sul do Rio de Janeiro já havia me chamado atenção. Agora a autora Joana Vilhena de Morais (do livro que eu recomendo mil vezes "O Intolerável peso da feiúra") está realizando uma pesquisa que vai virar livro sobre o tema relação com o corpo em relação às classes sociais.
O fenômeno da diferente relação com o corpo entre as camadas populares e a elite zona sul do Rio de Janeiro já havia me chamado atenção. Agora a autora Joana Vilhena de Morais (do livro que eu recomendo mil vezes "O Intolerável peso da feiúra") está realizando uma pesquisa que vai virar livro sobre o tema relação com o corpo em relação às classes sociais.
Summer's here! by Papu's way
Acho que, mesmo que desejemos mudar algo em nosso corpo, é muito legal aprender a viver a vida como somos hoje e não ficar esperando o dia em que nosso corpo perfeito nos dará o aval para começar a viver. O exemplo destas mulheres mais desencanadas serve como inspiração para que possamos parar de adiar nossos planos e desejos.
Aqui a reportagem:
Pesquisa mostra que mulheres de classes mais populares convivem melhor com o corpo do que as meninas da Zona Sul
Natalia von Korsch
Rio - Quando os primeiros sinais do verão começarem a aparecer, exatamente às 10h04 de hoje, um batalhão de mulheres estará às voltas com dietas e tratamentos milagrosos para se exibirem lindas, ‘louras’ e magras nas praias do Rio. Mas nem todas. De acordo com pesquisa realizada pela psicanalista Joana de Vilhena Novaes, da PUC-Rio, grande parte do contingente feminino do estado não está nem aí para os quilinhos a mais, os pneuzinhos pulando para fora do biquíni ou as indefectíveis celulites: as moradoras de bairros suburbanos e comunidades carentes.
Pelo contrário, elas querem mais é manter o corpo repleto de curvas e a fama de ‘gostosa’, diferentemente das mulheres de classe mais alta, sempre à procura da dieta perfeita. Segundo o estudo ‘Corpo: apenas uma questão de aparência? Sociabilidade e usos do corpo em camadas populares’, que vai virar livro ano que vem, as mulheres de classes sociais menos favorecidas lidam melhor com sua própria aparência que as moradoras da Zona Sul ou de áreas nobres do Rio, sempre torturadas pela imagem no espelho ou da calça que não fecha.
“Nas classes altas a gordura é a expressão mais emblemática de feiúra e a privação é sinônimo de disciplina. Já nas comunidades pobres estar mais cheinha é sinônimo de fartura, é bom ser gostosa. Estar acima do peso não priva essas mulheres da sociabilidade, de ter uma vida amorosa e de exercer a sexualidade. As primeiras fazem do corpo uma prisão, já as outras o expõem sem receio”, explica Joana.
Com o corpo que costumam identificar como tipicamente brasileiro — curvas, pernas grossas e um respeitável ‘derrière’ —, a passista Luciane Soares, 28, é adepta do estilo ‘sou gostosa, sim, obrigada’. “Eu tenho o perfil de gostosona e me preocupo em manter esse corpo, comendo de tudo. Na Zona Sul as meninas são muito magrinhas, estão sempre de dieta, acho isso neurose”, avalia a moradora de Nova Iguaçu.
Símbolo dessa geração de mulheres desencanadas com pequenos ‘defeitos’, a dançarina Andressa Soares, 20, ficou famosa pelos atributos que lhe deram a alcunha de Mulher Melancia e jura nunca ter feito dieta, para manter o estilo “grandona”: “As pessoas adoram falar que eu tenho celulite, mas toda mulher tem. Homem de verdade não quer saber se a mulher tem celulite ou pneuzinho, gosta é de ter carne para pegar”. A julgar pela permanência da funkeira nas revistas masculinas, ela tem razão. Terça-feira chega às bancas a terceira Playboy cuja capa é Andressa, encarnando Lolita.
Diferença na hora de se vestir
Outra diferença de comportamento entre mulheres de diferentes classes sociais destacada na pesquisa é na hora de se vestir. Se nas camadas mais baixas elas lançam mão de shorts e tops sem passar antes pelo crivo da balança, as mais abastadas não saem de casa sem roupa que favoreça a silhueta. “Enquanto as mulheres das classes mais favorecidas procuram esconder os indesejados quilos a mais e reclamam da acintosa diminuição dos manequins, as mulheres das classes populares parecem, com muito jogo de cintura, encontrar uma apreciação distinta deste corpo e outras possibilidades de indumentária. Há uma profusão de decotes, bermudas, tops e minissaias mesmo quando o corpo apresenta sinais evidentes de obesidade”, diz a psicanalista. A funkeira Roseli Lemes da Silva, a MC Rosy, 32 anos,orgulha-se de fazer parte desse rol de mulheres adepta do visual ‘inho’: “Visto o que eu gosto, shortinho, sainha, topzinho, blusinha curta aparecendo minha barriga, estou muito feliz comigo mesma”, diz a cantora da comunidade da Asa Branca, em Jacarepaguá. Moradora da Lagoa, na Zona Sul, a estudante Joana Machado, 19, concorda com a diferença de perfil traçada na pesquisa: “É muita pressão, aqui todo mundo está sempre muito magra, muito arrumada, aí a gente sente necessidade de ficar igual, é praticamente uma competição”. A irmã, Carlota, 21, concorda: “Nós somos muito preocupadas em estar magras demais mesmo”.
FRASES
“A beleza está no caráter. Quando você sabe quem você é, não se preocupa com o que os outros pensam. Eu adoro usar roupa justa, uso o que eu quiser, sou livre.” (Preta Gil)“Eu sei que estou gorda, mas nem por isso deixo de ir à praia, ao forró ou ao baile funk. Meto meu uniforme: short, top e gorro e sou chamada de ‘gostosa’.” (Rose, 28 anos, garçonete)
“Quem gosta de osso é rico, pobre gosta é de carne para encher a cama e fartura para encher a mesa. Se tiver magrinho a vizinhança começa logo a comentar que estamos passando necessidade.” (Zélia, 58 anos, cozinheira)
“O dia que eu passar na rua e ninguém me chamar de ‘gostosa’ é que o negócio não vai prestar. Se estão olhando, ‘tá’ bom.” (Gracyenne, 25, recepcionista)
“Passo o rodo geral quando vou ao baile. Sou que nem a Preta Gil, sou a mulher churrasco, aqui tem carne para matar a fome de todo mundo” (Laureanne, 23 anos, recepcionista)
http://curlvelyme.blogspot.com/2008/12/beleza-com-jogo-de-cintura.html
Natalia von Korsch
Rio - Quando os primeiros sinais do verão começarem a aparecer, exatamente às 10h04 de hoje, um batalhão de mulheres estará às voltas com dietas e tratamentos milagrosos para se exibirem lindas, ‘louras’ e magras nas praias do Rio. Mas nem todas. De acordo com pesquisa realizada pela psicanalista Joana de Vilhena Novaes, da PUC-Rio, grande parte do contingente feminino do estado não está nem aí para os quilinhos a mais, os pneuzinhos pulando para fora do biquíni ou as indefectíveis celulites: as moradoras de bairros suburbanos e comunidades carentes.
Pelo contrário, elas querem mais é manter o corpo repleto de curvas e a fama de ‘gostosa’, diferentemente das mulheres de classe mais alta, sempre à procura da dieta perfeita. Segundo o estudo ‘Corpo: apenas uma questão de aparência? Sociabilidade e usos do corpo em camadas populares’, que vai virar livro ano que vem, as mulheres de classes sociais menos favorecidas lidam melhor com sua própria aparência que as moradoras da Zona Sul ou de áreas nobres do Rio, sempre torturadas pela imagem no espelho ou da calça que não fecha.
“Nas classes altas a gordura é a expressão mais emblemática de feiúra e a privação é sinônimo de disciplina. Já nas comunidades pobres estar mais cheinha é sinônimo de fartura, é bom ser gostosa. Estar acima do peso não priva essas mulheres da sociabilidade, de ter uma vida amorosa e de exercer a sexualidade. As primeiras fazem do corpo uma prisão, já as outras o expõem sem receio”, explica Joana.
Com o corpo que costumam identificar como tipicamente brasileiro — curvas, pernas grossas e um respeitável ‘derrière’ —, a passista Luciane Soares, 28, é adepta do estilo ‘sou gostosa, sim, obrigada’. “Eu tenho o perfil de gostosona e me preocupo em manter esse corpo, comendo de tudo. Na Zona Sul as meninas são muito magrinhas, estão sempre de dieta, acho isso neurose”, avalia a moradora de Nova Iguaçu.
Símbolo dessa geração de mulheres desencanadas com pequenos ‘defeitos’, a dançarina Andressa Soares, 20, ficou famosa pelos atributos que lhe deram a alcunha de Mulher Melancia e jura nunca ter feito dieta, para manter o estilo “grandona”: “As pessoas adoram falar que eu tenho celulite, mas toda mulher tem. Homem de verdade não quer saber se a mulher tem celulite ou pneuzinho, gosta é de ter carne para pegar”. A julgar pela permanência da funkeira nas revistas masculinas, ela tem razão. Terça-feira chega às bancas a terceira Playboy cuja capa é Andressa, encarnando Lolita.
Diferença na hora de se vestir
Outra diferença de comportamento entre mulheres de diferentes classes sociais destacada na pesquisa é na hora de se vestir. Se nas camadas mais baixas elas lançam mão de shorts e tops sem passar antes pelo crivo da balança, as mais abastadas não saem de casa sem roupa que favoreça a silhueta. “Enquanto as mulheres das classes mais favorecidas procuram esconder os indesejados quilos a mais e reclamam da acintosa diminuição dos manequins, as mulheres das classes populares parecem, com muito jogo de cintura, encontrar uma apreciação distinta deste corpo e outras possibilidades de indumentária. Há uma profusão de decotes, bermudas, tops e minissaias mesmo quando o corpo apresenta sinais evidentes de obesidade”, diz a psicanalista. A funkeira Roseli Lemes da Silva, a MC Rosy, 32 anos,orgulha-se de fazer parte desse rol de mulheres adepta do visual ‘inho’: “Visto o que eu gosto, shortinho, sainha, topzinho, blusinha curta aparecendo minha barriga, estou muito feliz comigo mesma”, diz a cantora da comunidade da Asa Branca, em Jacarepaguá. Moradora da Lagoa, na Zona Sul, a estudante Joana Machado, 19, concorda com a diferença de perfil traçada na pesquisa: “É muita pressão, aqui todo mundo está sempre muito magra, muito arrumada, aí a gente sente necessidade de ficar igual, é praticamente uma competição”. A irmã, Carlota, 21, concorda: “Nós somos muito preocupadas em estar magras demais mesmo”.
FRASES
“A beleza está no caráter. Quando você sabe quem você é, não se preocupa com o que os outros pensam. Eu adoro usar roupa justa, uso o que eu quiser, sou livre.” (Preta Gil)“Eu sei que estou gorda, mas nem por isso deixo de ir à praia, ao forró ou ao baile funk. Meto meu uniforme: short, top e gorro e sou chamada de ‘gostosa’.” (Rose, 28 anos, garçonete)
“Quem gosta de osso é rico, pobre gosta é de carne para encher a cama e fartura para encher a mesa. Se tiver magrinho a vizinhança começa logo a comentar que estamos passando necessidade.” (Zélia, 58 anos, cozinheira)
“O dia que eu passar na rua e ninguém me chamar de ‘gostosa’ é que o negócio não vai prestar. Se estão olhando, ‘tá’ bom.” (Gracyenne, 25, recepcionista)
“Passo o rodo geral quando vou ao baile. Sou que nem a Preta Gil, sou a mulher churrasco, aqui tem carne para matar a fome de todo mundo” (Laureanne, 23 anos, recepcionista)
http://curlvelyme.blogspot.com/2008/12/beleza-com-jogo-de-cintura.html
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