sábado, 8 de maio de 2010
O que é ser um psicólogo?
achei esse texto que escrevi enquanto estava na faculdade, e estou transcrevendo aqui... achei interessante partilhar, eu tinha meus 20 aninhos na época, rsrs, e nem tinha a mínima idéia do que me aguardava na vida...estáva na cadeira de Estágio I, puramente teórico e tínhamos que escrever o que achávamos que seria a nossa profissão... até que eu não tava de toda errada... legal ver isso, todo esse tempo depois...
Eu penso que é ser, e não estar. È uma postura de vida, antes de qualquer coisa, é um modo de encarar o mundo. Não que ser psicólogo implique em tratar todas as pessoas como pacientes, qualquer que seja o seu campo de atuação, longe disso. È que para ser psicólogo eu acredito que o nível de percepção seja direcionado, quando necessário para uma atividade específica. Uma das coisas que mais me chamou a atenção na faculdade foi justamente isso: como se abriram para mim outras percepções que eu nem sequer imaginava existirem. Percepções do outro, de mim, do meio social, afetivo, enfim, de uma série de relações para as quais eu não estava consciente. Na sua atuação, o psicólogo é um técnico, na medida em que ele não dita normas, nem verdades> ele é um agente facilitador, ficando mais para trabalhador, quer dizer, prático, técnico; do que um intelectual, um “doutor”. Um psicólogo precisa ser um observador atento, e não só do outro, qualquer que seja seu propósito de trabalho, mas também a si próprio. Atento se realmente a ação (ou não ação) que esteja praticando seja entre as opções possíveis, a melhor. É justamente por essa preocupação, tende-se a considerá-lo no mínimo super-homem. Mas não, como qualquer pessoa ele é limitado por sua própria condição, o lugar em que vive. Tem suas limitações. Inclusive, deve estar atento a isso também. Como atuar dentro dessas limitações e quais delas são na verdade, ilusões, e assim, possíveis de serem superadas. Ser psicólogo é conhecer seu espaço, em que ponto termina o profissional e onde começa a pessoal e vice-versa. Para mim é ter consciência e orgulho do que sou, do que consegui. É saber que eu preciso me questionar sempre, não me condenar, nem me conformar com situações estabelecidas. A Psicologia é um processo dinâmico, nunca é definitiva. O psicólogo tem que estar atento a isso, e acompanhar esse processo, sem nunca perder de vista a si próprio o ao seu objetivo. Falando assim parece meio loucura, que dizer, parece que se decidiu pela Psicologia vai entrar num redemoinho e nunca mais sair, e se perder aí dentro. Por isso é que é necessário algum tipo de referencial e nem mundo sempre mudando, o melhor referencial é o si mesmo, o seu eu. E para isso acontecer, antes de qualquer coisa, é preciso encontrar-se. Quando eu penso o que é ser Psicólogo, fica muito difícil descrever porque antes de qualquer conceito racional, vem uma série de sentimentos para descrevê-lo. Sentimentos como alegria, apreensão, insegurança, medo, vontade de me atirar de ir à luta, de saber que estou acomodada e não me acomodando a isso, vontade de aprender mais, de vivenciar mais, de fugir, mas de ficar...
São sentimentos ás vezes conflitantes, mas creio que o que me falta é a prática real, o viver aquele momento.
Eu sou um pouco assim, antes vêm aquelas vontades de recuar, de achar desculpas como: ainda não estou pronta; mas ao mesmo tempo, vou em frente e uma vez lá dentro, fica tudo bem. .
Minhas escolhas de estágio foram a Psicologia Escolar e a Clínica. As ordens de opção forma somente “burocráticas”, quer dizer, porque tinha ter uma ordem. Mas para mim, não existe graduação nenhuma na preferência. Ambas são em primeiro lugar. A Clínica tem tudo haver comigo. Apesar das desmistificações que foram tratadas principalmente neste período, minha opção para ela foi agora posso dizer, consciente. Em relação a ela, estou muito curiosa, uma situação cheia de expectativas. Me fascina muito o contexto dela, quer dizer, uma situação em que vc entra em relação com seu paciente ou um grupo, seja como for. A minha escolha em Psicologia Escolar foi para a área Institucional, e eu acho que ela se confunde, ou melhor, se aproxima muito da clínica. Quer dizer, em vez de ser tratar pessoas isoladas dentro de uma instituição, não se separa essa pessoa do contexto aonde ela se movimenta. Em ambos os casos, o pensamento analítico está presente, e é por isso que eu usei a expressão se confundem. Praticamente tomei conhecimento com essa área este período, para mim é novidade. Fiquei curiosa e som vontade de chegar lá.
Basicamente a minha escolha se deu em cima de minha atitude perante as áreas. A parte de Indústria, apresar de ter entrado em contato com outros aspectos dela, me livrou de muitos preconceitos por enquanto não me atrai muito. Pode-se dizer que umas das coisas que mais me motivou foi uma grande curiosidade de conhecer.
Acho que escrevi demais, apesar de ter vontade de ficar fazendo isso por mais tempo ainda. Gosto de escrever. Parece que eu me penso muito melhor. Mas vou ficar por aqui mesmo.
É isso aí...
janeiro/1985
janeiro/1985